Fotografar é registrar, guardar lembranças. Às vezes, ao ver uma foto, choramos, rimos, ficamos intrigados.O fotográfo usa a imaginação e intuição, mas para mim o verdadeiro fotográfo é aquele que usa o afeto, fotografa o que ama e quem ama.
A última oficina realizada este mês, do projeto “Crianças Suruí Aikewára: entre a tradição e as novas tecnologias na escola”, foi de fotografia. Nela crianças e jovens tiveram a oportunidade de registrar sua cultura pelo seu próprio olhar.
Foto: Takwari Suruí
Os menores, entre sorrisos e mãos trêmulas, tiravam fotos dos mais velhos, amigos, família; os maiores elaboravam as fotos pedindo para outras crianças aikewára vestirem-se com o ararau, exibindo as pinturas corporais.
Eufóricos a cada apertar de botão, queriam mais. Repensavam outras coisas a fotografar, davam sugestões uns para os outros do que deveria ser captado pelas lentes da máquina fotográfica.
Foto: Manerrassa Suruí
Houve foto da aldeia, do velho índio Arini, do açude onde se banham, do porcão do mato criado como bicho de estimação, dos araraus pendurados na parede.
A cada flash, um brilho acendia no olhar infantil de novidade.
As crianças amaram fotografar!
Não era mais o "kamará" que pedia "pose" mas, sim o próprio irmão, a prima, o amigo. Era o índio despindo sua alma para outro índio...
Quando montamos o foto varal feito na Casona, no centro da aldeia, a ansiedade era para receber a foto e mostrar aos pais. Procuravam fotos em que apareciam, reparavam como guerreiros as fotos que haviam batido.
Entre papel, cola, corda e fotos, a exposição de fotografia foi um revelar de possibilidades da inclusão dos Aikewára nas novas tecnologias.
Os Aikewára desta vez não ficaram como espectadores de seu registro, sua história. Tiveram autonomia para decidir o que guardar, para em outro momento complementar sua cultura de oralidade com o rememorar de uma fotografia.
Parabéns pela ideia e pela brilhante execução da ideia, Lariza!
ResponderExcluirMeu desejo é que esta oficina de fotografia, que desfocou o nosso olhar e deixou a lente livre para os Aikewára, ainda se repita muitas vezes.
Ivânia Neves
Lariza, o texto está ótimo e a experiência deve ter sido incrível.
ResponderExcluirEspero que este trabalho seja levado a sério e não sirva de mal exemplo, pelo contrário sirva de modelo de como a cultura indígena tem de ser tratada.
Minha opinião é que devemos preservar a cultura, os costumes e tradições indígenas, com a inclusão deles numa nova era, mas com respeito.
Diferente do que fazem muitos grupos, levando a eles o modelo "perfeito", que deve ser aprendido.
Então, para mim o trabalho é válido e desejo, sinceramente, boa sorte!
É bom ver o olhar das crianças Aikewara...
ResponderExcluirSeu trabalho e dos indiozinhos nos inunda de poesia!
Parabéns