quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Tempo de Estrela


Eu quero fazer poesia
desse índio que ri de tudo

da falta de rio, da falta de caça

Viver como a leveza de uma rede.
De punho forte e toco firme que a aguente
Não cai!!!

Que mesmo com todas as armadilhas e animais urbanos ferozes que encontram no caminho

Continuam a se embalar nas redes que seus antepassados ensinaram a fazer

E tão alto se embalam a ponto de alcançar estrelas


Eu quero fazer poesia desses índios
Que alcançam o céu com escada de flechas

Onde as estrelas são bichos, são gente

São espíritos que continuaram a se embalar

Resistiram tecendo dos fios de algodão: a rede;
das penas do papagaio: o ararau;
do jenipapo: a pintura
e de olhar as estrelas: as histórias....

Eu quero fazer poesia desse índio
Que tem um céu cheio de estrelas
Nesse tempo sem brilho!

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Palestra: Grafismo corporal Aikewára: a dança das identidades escritas com jenipapo e urucum.


SABER DA FONTE

DIÁLOGOS SOBRE A CULTURA AMAZÔNICA.

O universo cultural da Amazônia tem inspirado inúmeros estudos e pesquisas acadêmicas. Esses registros desvelam patrimônios inestimáveis e plenos de sentido, cuja divulgação e apropriação pela sociedade se torna imprescindível.

É SABER DA FONTE, constituir um espaço de sucessivos diálogos culturais consagrados as culturas populares e identidades culturais amazônicas, com o compromisso da partilha dessas preciosas descobertas.

Grafismo corporal Aikewára: a dança das identidades escritas com jenipapo e urucum
Dr. Ivânia Neves - UNAMA
Os índios Suruí-Aikewára vivem atualmente no sudeste paraense e somam pouco mais de 300 índios. Depois de uma forte depopulação vivida no final dos anos de 1960, os 33 índios sobreviventes assumiram como principal compromisso de suas vidas conservar sua cultura. Neste processo de reestruturação social, em que precisaram negociar muitos de seus valores tradicionais com a cultura ocidental, as representações artísticas, que se constituem com os processos culturais e históricos por que passaram esta sociedade, representaram um dos mais significativos espaços de resistência. Em suas narrativas orais, suas músicas, nas pinturas corporais, na plumagem colorida, na confecção de suas redes tradicionais, das saias de algodão, dos maracás, dos arcos e flechas sobreviveu a tradição Aikewára. Nesta apresentação, o objetivo é mostrar a importância do grafismo corporal na afirmação da identidade Aikewára, analisando como os desenhos também passaram por um processo histórico de transformação.


Dia: 24.08.2010
Horário: 18h30
Local: Instituto de Artes do Para (Praça Justo Chermont, ao lado da Basílica)
ENTRADA FRANCA



sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Brincadeira na aldeia.



Há televisão na maioria das casas, mas as crianças, na maioria das vezes, só passam por ela...

Sem titubear, vão brincar!

Vão pra "rua"! Não se predem à tela.

Eles gostam muito de árvores: árvore de caju, de goiaba, de banana.

Correm atrás da bola, buscando um gol bonito!!!



Jogam bem! Levantam poeira, assim como na dança...
A dança entre as crianças vira uma competição de quem canta e dança mais bonito. Meninos versus meninas...
Quem fica na frente da fila é quem puxa, formando a roda. É só alegria!



Trecho final do filme O Menino Maluquinho ( 1994):
"É impressionante senhores, é impressionente!O Maluquinho voa na bola, e ele cai de lado, e ele cai de frente, e ele cai de pernas para o ar, e ele caia de bunda no chão (que goleiro maluquinho!) e ele dança no espaço com a bola nas mãos, ele pega todas, ele agarra todas."

Brincar de correr por uma desculpa qualquer, calar apelidos, pisada de pé.Correm no escuro, conhecem o terreno, cada galho, planta, montinho de areia, buraco, não caem nunca!

Brincam no açude...Viram cambalhota... Nadam...



Brincam com os bichos.A preguiça vira um filho nos braços da menina, que depois o solta, deixa livre, como sua mãe a deixa.

O jabuti vira o burro de carga, amarram uma caçambinha no casco, o periquito ganha o nome de Kurikinha.


Rolam na terra sem medo de sujar a roupa!
Não apenas sobrevivem, vivem!

São livres, sobretudo da caixa preta que aprisiona a criança da cidade, a televisão, mas ela não é essecial. O essecial está nesta cotidiana aventura na floresta que estas crianças vivem.O essecial se abriga no sorrisso de criança.

Todas as crianças Aikewára são "Meninos Maluquinhos" do Ziraldo!



Trecho final do filme O Menino Maluquinho ( 1994):

Mas teve uma coisa que o menino não conseguiu segurar: o tempo. E aí, o tempo passou, e como todo mundo, o menino maluquinho cresceu. Cresceu e virou um cara legal, mas um cara legal mesmo.E foi aí que todo mundo descobriu que ele não tinha sido um Menino Maluquinho, ele tinha sido um menino feliz!

domingo, 8 de agosto de 2010

Projeto "Crianças Suruí-Aikewára entre a tradição e as novas tecnologias" da UNAMA, no Jornal Nacional

Não era problema da conflito de terra, de prostituição, de políticos corruptos, de denúncias contra médicos ou policiais. Nesta última sexta-feira, 06 de agosto, o Pará esteve no Jornal Nacional, da Rede Globo, por causa do nosso projeto.

Saiu a matéria realizada na Terra Indígena Sororó, dos índios Aikewára!



Todos sabem bem o poder mítico da Rede Globo no Brasil. E é muito importante que a matéria tenha traduzido nossa forma de pensar a realidade das sociedades indígenas atualmente, sociedades que vivem nas fronteiras.

A matéria não tratou os Aikewára como exóticos e nem demonstrou o preconceituoso estranhamento diante de índios que convivem com o novo.

Este projeto é muito significativo para os Aikewára e para nós, como universidade. Ficamos extremamente felizes de poder colocar nossa pesquisa em diálogo com a cultura Aikewára. O projeto, do curso de Comunicação Social da UNAMA mostra como a tecnologia pode ter responsabilidade social e atesta nosso compromisso com as populações tradiconais da Amazônia.

A única coisa que lamento é que não estava lá com os Aikewára, quando passou no Jornal Nacional. Queria vê-los. Queria inclusive que este texto tivesse sido escrito em conjunto com eles. A próxima postagem sobre esta matéria vai trazer a impressão deles.
No G1 também há uma matéria escrita sobre o projeto. Leia mais...

Ivânia dos Santos Neves

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Jornalista Poliana Abritta destaca projeto Crianças Suruí-Aikewára da Universidade da Amazônia

Como já mostramos aqui no blog, em junho de 2010, uma equipe da Rede Globo esteve na Terra Indígena Sororó para fazer uma matéria sobre o projeto, que ainda não foi ao ar e que estamos aguardando ansiosamente.
No site do Criança Esperança, já estão no ar os depoimentos dos jornalista que fizeram as matérias e Poliana ficou bastante entusiasmada com os índios Aikewára.




















Agora é aguardar a matéria! Um abraço a todos!
Ivânia dos Santos Neves