quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Os Aikewára em Belém.

Quem segue este blog, gosta de ler os posts ou passa por ele de visita, agora vai ter a oportunidade de conhecer alguns dos índios de pertinho: Arihêra, Umussum, Murué, Tiapé, Arikassú e Maria virão a Belém especialmente para a VII Semana de Comunicação - Mediações e discursos: a comunicação na Amazônia.

Neste evento, ocorrerá o lançamento dos filmes do projeto "Crianças Suruí-Aikewára: entre a tradição e as novas tecnologias na escola".

Para aguçar os curiosos, aí vai uma prévia de um dos filmes que serão exibidos:



O evento também contará com uma oficina sobre grafismo indígena ministrada pelas índias Maria e Murué Suruí.

Está feito o convite!

Para saber mais acesse: http://semanadecomunicacao-unama.blogspot.com/

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Salvem o rio Xingu! Estamos todos na mesma floresta!


Foto: Monica Cruvinel
Rio Araguaia - São Geraldo do Araguaia, região das Serras Andorinhas, às proximidades da Terra Indígena Sororó.

Nas águas do rio Aragauaia, crianças brincam, barqueiros transportam pessoas de uma margem para outra por R$ 2,00, mulheres lavam roupa despreocupadas com olhares alheios.
No calor amazônico, o sorvete se derrete como gelo debaixo da torneira, as mãos sujas do sorvete de tapioca não desfazem o sorriso, ao observar o embalar cotidiano das pessoas que cercam o rio Araguaia.
É tudo de uma beleza quase utópica! Parece tão distante, que faz nos sentirmos em um programa-documentário trasmitido sexta à noite por um canal qualquer.

Mas o sol nos lembra a todo o tempo que tudo é real. E mesmo com uma vontade danada de se jogar no rio pra se refrescar do calor, a sensação que se tem é que devemos receber primeiro um convite, como se o Rio fosse encoberto por uma entidade divina que deveria informar se somos ou não bem vindos.Ele nos intimida.
O Rio sente! Ele sabe!
Em certas épocas do ano ele se recolhe, fica em silêncio meditando sobre as coisas que se passaram...barcos, peixes, gente.
Outras vezes ele se revolta com a total falta de cuidado e avisa que um dia poderá não mais voltar...
Nesses tempos de agora, ele "onda" a chorar: um dos seus irmãos corre grande perigo - o rio Xingu.
Não entende como o homem pode ser tão ingrato!
Os rios dão água, comida, a vitalidade ao homem, mas os homens insistem em querer agredi-lo, prende-lo, num discurso nazista "pelo bem maior", passando por cima de ávores, animais, pessoas, histórias.

Por que depois de tanto desenvolvimento tecnológico continua sendo imperativo para o homem destruir, matar...

O rio Araguaia, que fica perto da Terra Indígena Sororó, onde vivem os Aikewára, chora pelo Rio Xingu e pede ajuda a todos para que não desistam JAMAIS de tentar viver em um mundo mais justo:

Foto Ivânia Neves
Rio Xingu, em frente à Terra Indígena Kwatinemo, onde vivem os Asuriní do Xingu, que assim como os Aikewára, pertencem à imensa família Tupi.

Existe, hoje, uma mobilização internacional para evitar que seja constuída a hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu. Nos links a seguir, você acessa um abaixo-assinado digital contra a construção de Belo Monte e assiste a um filme narrafo por Dira Paes, que explica de forma bem didática os problemas ambientais que seriam causados por esta construção.

Participe!

https://salsa.democracyinaction.org/o/2486/action/parebelomonte

http://www.youtube.com/watch?v=4k0X1bHjf3E

http://www.youtube.com/watch?v=JcCpFBro-Lc

domingo, 12 de setembro de 2010

Saberes Indígenas

Esta postagem não trata especificamente do povo Aikewára, mas decidi fazê-la, porque as reflexões que aparecem dizem respeito a todas as sociedades indígenas. Recebi o link através do amigo Agenor Sarraf e achei interessante socializar com os amigos leitores deste blog. 
O autor da crônica a seguir é um dos mais respeitados pesquisadores sobre sociedades indígenas no Brasil, trata-se do professor Bessa Freire. Como é comum em seus texto,  "A sogra do Jacamim em busca da Beleza" nos apresenta um pouco da sabedoria milenar dos índios brasileiros e para completar, suas observações sobre a história nos dão uma aula de respeito à diversidade cultural.

A SOGRA DO JACAMIM EM BUSCA DA BELEZA


José Ribamar Bessa Freire
12/09/2010 - Diário do Amazonas

O Jacamim andava ciscando no terreiro e, com seu bico irrequieto, beliscava um inseto aqui, uma minhoca ali, uma sementinha acolá. Sua sogra, que assistia a cena, viu que tudo nele era desproporcional e deselegante. Pescoço pelado, curvo e compriiiiido. Cabecinha minúscula em cujo cocuruto emergia ridículo topete de penas eriçadas. Curtas, demasiado curtas eram suas asas. Altas, excessivamente altas suas pernas. Ela olhou aquele bicho desengonçado e, com a sinceridade que as sogras soem ter, disse:

- Meu genro, não me leve a mal não, mas você é feio! Muito, mas muiiiiiiito feio! Feio pra chuchu! Parece até que minha filha casou com um urubu!

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Ivânia dos Santos Neves