quinta-feira, 28 de abril de 2011
Como nasceram os Asuriní ou a História de Uajaré e Y'uu, a grande água
Tudo isso aconteceu no tempo de Mbava. Caiu uma grande água do céu, y’uu. Foi tanta água, que só um homem sobreviveu, Uajaré.
(Mbaiô Asuriní)
quinta-feira, 21 de abril de 2011
Filme " Tekwaeté: a rede Aikewára".
Sinopse: Os índios Arihêra, Maria e Arikassu ensinam as crianças a fazer a Tekwaeté, a rede Aikewára. O filme mostra o trançado dos fios, que guarda toda beleza e delicadeza de sua cultura.
Duração: 6 min
Direção: Maurício Neves Corrêa e Ivânia dos Santos Neves
quarta-feira, 20 de abril de 2011
Sustentabilidade na Terra Sororó
terça-feira, 19 de abril de 2011
Murué Aikewára lança livro sobre histórias de seu povo.
segunda-feira, 18 de abril de 2011
sábado, 16 de abril de 2011
quinta-feira, 14 de abril de 2011
Programação atualizada
Todos os anos, quando se aproxima o dia 19 de abril, o Dia do Índio, as escolas e a mídia logo se movimentam para "prestar uma homenagem ao "índio".
O grande problema desta história é que tanto a escola como a mídia, de uma maneira geral, falam de um índio genérico, como se fossem todos iguais, tivessem uma mesma cultura, falassem a mesma língua. Talvez fosse melhor dizer que dia 19 de abril é o dia dos Aikewára, dos Tembé, dos Mbyá-Guarani, dos Asuriní do Xingu, dos Ianomâmi, dos Maias, dos Incas...
Menina Aikewára / Foto Alda Costa
A Universidade da Amazônia reunirá pesquisadores, professores e alunos nos dias 18 e 19 de abril, com a finalidade refletir sobre a inserção das sociedades indígenas nas fronteiras contemporâneas. O evento faz parte do programa de Mestrado em Comunicação, Linguagens e Cultura e dos cursos de Comunicação Social e Letras.
Campus BR
Auditório 01
Dia: 18/04/11
19:00 horas:
Mesa - redonda “As influências do Tupi-Guarani na cultura contemporânea”.
Apresentação: Profa. Ivânia dos Santos Neves
Apresentação:Profa. Vânia Torres
Prof. Dr. Félix Gerard Ibarra Prieto
Prof. Paulo Barradas - “A condição do Índio na Lei”
Representante Aikewára – Tiapé Suruí
20:00 horas:
Mesa-redonda:
"Mídia e sociedades indígenas na Amazônia"
Apresentação:Profa. Vânia Torres
“Sociedades Indígenas e as Novas Tecnologias da Educação”
Profa. Dra. Alda Cristina Costa (UNAMA)
“Os Estudos Culturais e o projeto Crianças Suruí-Aikewára”Prof. Dr. Agenor Sarraf(UFPA)
“Primeiros passos dos Aikewára no Twitter”
Hellen Monarcha (UNAMA-mestranda)
“A fotografia entre os Aikewára”
Lariza Moraes Gouvêa (aluno do curso de Direito)
21:00 horas
Lançamento do livro: “Crianças Aikewára: entre a tradição e as novas tecnologias da escola”
Ivânia dos Santos Neves (org.)
Alda Costa(org.)
O livro reúne uma série de textos produzidos por pesquisadores e alunos de mestrado e de graduação da UNANA, que de alguma forma participaram do projeto. No centro das discussões estão os debates sobre diversidade cultural e as tecnologias de comunicação e informação. O livro inaugura um debate sobre Estudos Culturais e processos de mediação com sociedades indígenas na Amazônia.
Campus Alcindo Cacela
Auditório David Mufarrej
Dia 19 de abril
19: 00
Fala do Reitor
19:30
1. Mesa-redonda: Sociedades Indígenas e Reflexões sobre Educação na Amazônia
Apresentação: Prof. Dr. Paulo Nunes
“Povos tradicionais na Sala de Aula”
Elizabeth Pessôa Gomes da Silva (UNAMA – Mestrado – Curso de Pedagogia)
“Entre as Novas Tecnologias e as Narrativas Orais”
Prof Dr Ivânia Neves (Mestrado – Comunicação Social e Letras)
“Letramento Aikewára”
Bruna Sagica ( bolsista , monitora graduação de Letras - UNAMA)
"Narrativas orais, jenipapo e os caminhos dos sentidos Aikewára"
Apresentação: Prof Ms Elaine Oliveira ( representando NDE de Letras )
“Atravessamentos possíveis: o Curso de Bacharelado em Moda e Sociedades Indígenas” Profa.Rosyane Rodrigues
“Vestidos de Floresta: a roupa tradicional Aikewára”
Maurício Neves Corrêa (mestrando UNAMA)
“A importância das narrativas orais para os Aikewára”
Murué Suruí (Representante Aikewára)
2. Lançamento dos livros: "Sentidos da Pele Aikewára: Urucum, Jenipapo e Carvão" e Sessão de autógrafos
"Sentidos da Pele Aikewára: Urucum, Jenipapo e Carvão
Ivânia dos Santos Neves
Maurício Neves Corrêa
Este livro é resultado da pesquisa realizada no projeto Crianças Suruí-Aikewára: entre a tradição e as novas tecnologias na escola. O projeto serviu também como uma grande ação de afirmação da cultura Aikewára. Em meio às oficinas e às ações do projeto, vimos surgir, com muita força o garfismo Aikewára. Se nas primeiras filmagens, eles apareceram com roupas ocidentais, depois de se virem nas telinhas, os Aikewára fizeram questão de usar sua roupa mais tradicional: os desenhos da floresta em sua pele.
Histórias dos Índios Aikewára
Murué Suruí (Representante Aikewára)
O eixo de todas as atividades do projeto Crianças Suruí-Aikewára: entre a tradição e as novas tecnologias na escola esteve fundamentado nas narrativas orais dos Aikewára, sem dúvida, sua principal fonte de conhecimento. Durante as oficinas, pudemos observar que alguns jovens passaram a fazer questão de traduzir para a escria as histórias que os mais velhos contam. É com grande prazer que apresentamos este livro, assinado por uma jovem e talentosa escritora Aikewára. Murué Suruí, mais do que qualquer um de nós, está absolutamente autorizada a escrever as histórias de seu povo.
Exposição: Sobre a Arte Aikewára
Espaço: Galeria Graça Landeira
20/04/11
Lançamento na rede do filme: “Tekwaeté: a rede Aikewára, no aikewara.blogspot.com”
Visite: http :// aikewara.blogspot.com
Apoio:
Núcleo Cultural / Casa da Memória
quarta-feira, 13 de abril de 2011
"A História da Lua ou como Arimajá pretou a cara de Jay" uma história dos índios Asuriní
Moreyra Asuriní conta a História da Lua ou como Arimajá pretou a cara de Jay.
O narrador desta história, Moreyra, é um dos mais importantes pajés Asuriní. Sua presença foi fundamental no processo de reestruturação social depois da intensa depopulação vivida pelo grupo. Entre os Asuriní não existe uma liderança política centralizada em um cacique. Embora muitas vezes a Funai já tenha tentado estabelecê-la, inclusive já tentaram tornar o Moreyra esta liderança.
Os índios Asuriní do Xingu são um pequeno grupo Tupi, vivem na Terra Indígena Kwatinemo no Pará e são conhecidos internacionalmente por seus grafismos.
(Ivânia Neves)
terça-feira, 12 de abril de 2011
Arihêra.
Foto: Maurício Neves |
sábado, 9 de abril de 2011
Narrativa Aikewara: Kwarahy, Sahy, Sahy-Tatawai e o fogo Aikewára
Ivânia dos Santos Neves
sexta-feira, 8 de abril de 2011
Semana do Índio: A sociedade indígena e as fronteiras contemporâneas - Programação
Menina Aikewára / Foto Alda Costa |
Campus BR - Auditório 01
Dia: 18/04/11
19:00 horas:
Mesa - redonda: “As influências do Tupi-Guarani na cultura contemporânea”.
Prof. Dr. Félix Gerard Ibarra Prieto
Prof. Paulo Barradas - “A condição do Índio na Lei”
Representante Aikewára – Tiapé Suruí
20:00 horas:
Mesa-redonda: "Mídia e sociedades indígenas na Amazônia"
Apresentação: Vânia Torres
Profa. Dra. Alda Cristina Costa (UNAMA)
Profa. Dra. Ivânia Neves (UNAMA)
Prof. Dr. Agenor Sarraf(UFPA)
Hellen Monarcha (UNAMA-mestranda)
21:00 horas
Lançamento do livro: “Crianças Aikewára: entre a tradição e as novas tecnologias da escola”
Apresentação: Prof Ms Elaine Oliveira ( representando NDE de Letras )
Prof Dr Ivânia Neves (UNAMA)
Maurício Neves Corrêa (mestrando UNAMA)
Bruna Sagica ( bolsista , monitora graduação de Letras - UNAMA)
Murué Suruí (Representante Aikewára)
2. Lançamento dos livros:
"Sentidos da Pele Aikewára: Urucum, Jenipapo e Carvão" e Sessão de autógrafos
Ivânia dos Santos Neves
Maurício Neves Corrêa
"Histórias dos Índios Aikewára"
Autora: Murué Suruí
Exposição: Sobre a Arte Aikewára
Espaço: Galeria Graça Landeira
20/04/11
Lançamento na rede do filme: “Tekwaeté: a rede Aikewára, no aikewara.blogspot.com”
Visite: http :// aikewara.blogspot.com
Clip Sapurahai: Música e Dança Aikewára
quinta-feira, 7 de abril de 2011
Como nasceu o homem branco
a e o pequeno Kupen ia junto. De repente, ele encheu todos os cestos de mandioca. Os homens, vendo as mulheres voltarem tão rápido, estranharam. O irmão de Nigõmo quis saber o que havia acontecido. Quando disseram, ele começou a afirmar que o sobrinho tinha que morrer. Para ele, isso era a prova de que aquela criança era amaldiçoada.
Ivânia dos Santos Neves
quarta-feira, 6 de abril de 2011
Astronomia Aikewára - Eisu, uma constelação Tupi
No imaginário Aikewára, o céu remete a representações próprias do seu universo cultural. A forma como identificam os astros celestes, a correlação de atividades cotidianas às estações climáticas e suas narrativas orais sobre a origem das constelações, do Sol, da Lua, das estrelas traduzem sua cosmovisão e deixam ver uma racionalidade construída a partir da cultura e da história Aikewára.
Vários sociedade Tupi identificam esta constelação:
Ivânia dos Santos Neves
terça-feira, 5 de abril de 2011
"Nosso saber não está nos livros!"
Por Luiz Gomes Lana (Rio Tiquié/ AM, 1992):
Para nós, os Imiko-masã, “A Gente do Universo”, isto é, os Desana, a humanidade inteira, ou seja tanto os índios quanto os brancos, têm a mesma origem. Quando Pamiri-gasiru, a “Canoa-de-Transformação” chegou em Diá-peragobe wi’í, [Cachoeira de Ipanoré, médio rio Uaupés, região do alto rio Negro] os ancestrais da humanidade, já em forma humana, começaram a sair pelo buraco. O ancestral daqueles que iriam ser os brancos também estava nesta canoa. Ele foi o último a sair. Yebá-gõãmi, o nosso demiurgo, o mandou na direção do sul, dizendo que lá ele poderia fazer a guerra, ele poderia roubar e atacar as pessoas para sobreviver. Para nós, que somos os irmãos maiores dos brancos, ele deu a ordem de ficarmos calmos
vivermos unidos e de maneira pacífica. Mas para o homem branco, ele deu a ordem de ganhar a sua vida pela violência, de fazer a guerra, de matar.
Assim, quando os primeiros brancos chegaram na região, os nossos avôs já sabiam que eles vinham para fazer a guerra, porque Yebá-gõãmi havia dito para o ancestral deles ganhar a sua vida pela violência. Nós, nós somos calmos, nós não fazemos a guerra! Nós vivemos de maneira pacífica. Mas o branco gosta de violência. Ele gosta de fazer a guerra, ele gosta de batalhar, ele gosta de matar, ele gosta de se apropriar das coisas dos outros pela violência. A gente sabe muito bem como ele é violento! Yebá-gõãmi lhe deu uma espingarda como arma. A espingarda é o poder do branco. Yebá-gõãmi lhe disse que ele poderia obter todo o que queria com essa espingarda.
Com o branco, saiu também da Canoa-de-Transformação o missionário. Os dois saíram juntos! É por isso que, quando os nossos avôs viram o branco chegar com a espingarda, eles já sabiam que ele estaria com o missionário. E, de fato, quando o homem branco apareceu aqui, na nossa terra [região do alto rio Negro], ele estava acompanhado do missionário. Nós já sabíamos que o missionário chegaria com o branco porque Yebá-gõãmi o havia dito! Para o missionário, ele deu um livro [a bíblia] para ele poder viver. Por isso, quando os nossos ancestrais viram pela primeira vez o missionário com seu livro, eles já sabiam que esse livro era o poder dele, a sua arma.
Nós sabemos muito bem que o livro [Bíblia] é a arma do missionário. O outro branco possuía como arma uma espingarda. Com essa espingarda ele pratica todo tipo de violência. A gente vê muito bem que Yebá-gõãmi falou a verdade! Ele tinha falado que o homem branco faria sua vida roubando, matando, fazendo a guerra... É isso que nós vemos hoje em dia. Nós vemos o branco entrar na nossa terra à procura de ouro, de cassiterita... Ele entra no nosso território com violência. Ele quer ser o proprietário de todas essas coisas!
Para nós, que somos os irmãos maiores do homem branco, Yebá-gõãmi deu o poder da memória, a faculdade de guardar tudo na memória, os cantos, as danças, as cerimônias, as rezas para curar as doenças... Nós guardamos tudo isso na nossa memória! Nosso saber não está nos livros! Mas ao branco, que foi o último a sair da Canoa-de-Transformação, ele deu o poder da escrita. Com os livros, ele poderia obter tudo o que ele precisaria, ele havia dito. É por isso que o homem branco chegou na nossa terra com a escrita, com os livros. Assim, Yebá-gõãmi havia dito!
Yebá-gõãmi queria também que a humanidade fosse imortal. Ele queria que a humanidade fosse como são hoje em dia as aranhas, as cobras, as centopéias, os camarões. Estes, quando velhos, trocam de pele e voltam a ser jovens. Yebá-gõãmi queria também que a humanidade trocasse de pele, mas ele não conseguiu. Ele havia dado aos ancestrais da humanidade uma cuia de ipadu [Erythroxylum coca var. ipadu] para lamber. Quando eles viram aranhas, escorpiões e outros insetos venenosos na beira da cuia, os ancestrais da humanidade não tiveram coragem de se aproximar. Mas as aranhas, as centopéias, os escorpiões não hesitaram e comeram o ipadu. É por isso que eles trocam de pele quando velhos. É o ipadu que lhes deu o poder de trocar de pele!
Havia também uma grande bacia de água. Yebá-gõãmi mandou os ancestrais da humanidade tomar banho. O ancestral do branco se precipitou, e se banhou. Se os índios, seus irmãos maiores, tivessem sido os primeiros a tomar banho, a pele do seu corpo teria virado branca, como é a pele do homem branco. Mas quando os índios se decidiram a tomar banho, a bacia virou e eles somente conseguiram molhar a planta dos pés e a palma das mãos. É por isso que nós, os índios, temos a planta dos pés e a palma das mãos brancas! O branco, o nosso irmão menor, tem a pele branca porque ele foi o primeiro a tomar banho na bacia. Foi isso o que os nossos avôs contaram!
Sobre a narrativa
O depoimento de Luiz Gomes Lana foi coletado em português pela antropóloga Dominique Buchillet (antropóloga, Institut de Recherche pour le Développement en Cooperation - IRD) em Brasília, junho de 1992, e publicado em francês na revista Ethnies. Droits de l’Homme et Peuples autochtones (Paris: Survival International France, n° spécial “Chroniques d’une conquête”, 1993 n° 14, pp. 19-21).
Fonte: ISA - Instituto Socioambientalsegunda-feira, 4 de abril de 2011
Zodíaco da Sociedade Indígena Tembé-Tenetehara
A maneira como os povos tradicionais da Amazônia interpretam o céu dialoga com a realidade observável na região, muito mais que os livrso de astronomia feitos no hemifério Norte ou no Sul-Sudeste do Brasil. Eles falam de cosntelações com nomes de animais da floresta amazônica, estabelecem duas estações do ano: a da seca e a da chuva.
Pena que ainda ouvimos muito pouco desta conhecimento milenar!
domingo, 3 de abril de 2011
O nascimento de Zahy - Narrativa dos índios Tembé / Zahy’s birth – A Tembé indians narrative
História de uma velha índia Tembé ...
A narrative by an old Tembé woman...
The night was clear. The day had finished calm and quietly and the Tembé were gathering to rest from the day. So the oldest woman from the tribe In her hammock, surrounded by her children and grandsons, begun to tell a story.
“Há muito tempo, quando nossa nação ainda vivia nas margens de outro rio, nasceu Zahy, o filho do mais respeitado cacique que nosso povo tivera. Seu pai era um velho índio e, embora já tivesse dormido com muitas mulheres, nunca abandonara sua primeira esposa.
“Long ago, when our nation still lived on the margins of another river, Zahy was born, he was the son of the most respected chief our tribe had had in years. Zahy’s father was already an old Indian and, although he had already slept with many women, he had never abandoned his first wife.
O casal, para tristeza de toda nação Tembé, por muito tempo não conseguiu ter um filho. Quando seus pais já nem acreditavam ser possível este sonho, sob a bênção de todos os deuses, o indiozinho Zahy nasceu.
The couple, for the sorrow of all Nation, had not succeeded in giving birth to a child for a long time. When Zahy’s parents were almost giving up to the dream of having a child something happened. His wife got pregnant and, with all the Gods’ blessing, Zahy, the little Tembé indian, was born.
Mas aquele que nascera para dar continuidade à honra de seu pai, muito cedo quebrou seu destino e as leis de nossa tribo.
But, the boy, who was born to follow the footsteps of his father, soon broke his destiny and our Tribe’s laws.
Muito jovem, o índio desejou uma mulher proibida, sua tia. Seu pai já havia determinado um outro destino para a irmã de sua mulher. E, mesmo sabendo disso, Zahy não controlou seu amor.
Sempre que a noite chegava, o índio tateava no escuro para ir até a casa de sua tia, dormir com ela. Isso aconteceu noite após noite até que a jovem, sem saber quem se deitava com ela, pediu conselhos à índia mais velha da tribo.
As soon the evening arrived, Zahy went groping through the darkness to his aunt’s house to stay for the night. This happened night after night, until the young woman, without knowing who she was sleeping with, asked for advice to the oldest woman in the Tribe.
A índia mais velha lhe sugeriu uma armadilha: para saber quem a visitava, a tia de Zahy deveria lambuzar os dedos com jenipapo e aguardar a partida de Kwarahy (sol).
The older Indian suggested a trap to catch the unknown visitor: to know who was vising her, she had to soak her fingers with the juice of the jenipapo fruit and wait for the parting of Kwarahy (the sun).
Naquela noite, novamente, o jovem índio foi ao encontro de sua tia. Ela então afagou, várias vezes, o rosto do desconhecido, seguindo os conselhos da velha índia.
Then, that night, Zahy again went to his aunt’s house. Following the old Indian’s advice, she touched the visitors’ face several times. No dia seguinte, quando acordou, Zahy foi lavar seu rosto no rio. Viu as manchas do jenipapo deixadas pelos afagos de sua tia. Lavava insistentemente a face, mas as manchas não saiam...
Next day, Zahy woke up and went to the river to wash his face. He saw the stains of the jenipapo juice left on his face by his aunt. He continuously washed his face but the satins didn’t go away...
Quando voltou para a aldeia, os deuses, a índia mais velha e sua tia descobriram quem era o amante misterioso. Zahy foi por isso expulso da Terra. Transformado em Lua, foi condenado a viver eternamente no céu.
Listen, my children! That’s why even today, when we look up to the moon, we see the stains. Those are the stains left on Zahy’s face by his aunt, the woman desired by him when he was young and from whom he had to depart forever.
Por isso há um período (a Lua Nova) em que não podemos ver Zahy no céu à noite. É quando ele está lavando o seu rosto. Depois a seu tempo, quando ele reaparece (da Lua Crescente à Cheia) podemos ver seu rosto inteiro, ainda com as manchas de jenipapo. É por isso que Zahy traz chuva quando aparece. A água que lavava seu rosto escorre do céu e faz chover...
(CORRÊA, Ivania et alli. O Céu dos Índios Tembé. Belém: Imprensa Oficial, 1999)Tradução: Sílvia Bahia
sábado, 2 de abril de 2011
Sobre as sociedades indígenas Tembé-Tenetehara
Os Tembé constituem o ramo ocidental dos Tenetehara. O grupo oriental é conhecido por Guajajara. Sua autodenominação é Tenetehara, que significa gente, índios em geral ou, mais especificamente, Tembé e Guajajara. Tembé, ou sua variante Timbé, constitui um nome que provavelmente lhes foi atribuído pelos regionais. De acordo com o lingüista Max Boudin, timbeb significaria "nariz chato".
Localização
De um modo geral, pode-se afirmar que os Guajajara, ramo oriental dos Tenetehara, se localizam no Estado do Maranhão, enquanto os Tembé, o ramo ocidental, no Estado do Pará. Entretanto, uma parte dos Tembé vive na margem direita do rio Gurupi, no estado maranhense.
As aldeias tembé se distribuem em três blocos. Um deles é constituído por aquelas que se dispõem em uma e outra margem do rio Gurupi. As que ficam na margem direita estão na Terra Indígena Alto Turiaçu. A região também é habitada pelos Guajá e pelos Urubu Ka´apor. Os Tembé da margem esquerda do Gurupi estão na TI Alto Rio Guamá. Nesta área vivem também índios Ka´apor, Guajá, Kreje e Munduruku, além do outro bloco de aldeias tembé, que localiza-se nas proximidades do rio Guamá.
O terceiro bloco é constituído pelos Tembé que vivem na TI Turé-Mariquita, situada na bacia do rio Acará, afluente do Moju, que desemboca no mar um pouco ao sul da foz do Guamá. A posição desses Tembé decorre de um avanço, no século XIX, sobre o território dos Turiwara, junto dos quais moraram até recentemente. Hoje, a população da TI Tembé, mais ao sul, também na bacia do Acará, é indicada não como Tembé, mas como Turiwara.
Histórico do contato
Em meados do século XIX, uma parte dos Tenetehara dos rios Pindaré e Caru, no Maranhão, rumaram na direção do Pará, para os rios Gurupi, Guamá e Capim, dando origem aos hoje conhecidos como Tembé (deixando no Maranhão os Guajajara).
Fonte:http://pib.socioambiental.org/pt