quinta-feira, 28 de abril de 2011

Exposição Aikewára da Semana do índio

Como nasceram os Asuriní ou a História de Uajaré e Y'uu, a grande água


Tudo isso aconteceu no tempo de Mbava. Caiu uma grande água do céu, y’uu. Foi tanta água, que só um homem sobreviveu, Uajaré.

(Mbaiô Asuriní)

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Filme " Tekwaeté: a rede Aikewára".



Sinopse: Os índios Arihêra, Maria e Arikassu ensinam as crianças a fazer a Tekwaeté, a rede Aikewára. O filme mostra o trançado dos fios, que guarda toda beleza e delicadeza de sua cultura.


Duração: 6 min

Direção: Maurício Neves Corrêa e Ivânia dos Santos Neves
 
 
 

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Sustentabilidade na Terra Sororó


Segundo Tiapé Suruí, integrante da sociedade Aikewára, no final do ano de 2010, aconteceu na BR-153, que serve de interligação entre as cidades de São Domingos e São Geraldo do Araguaia, um incêndio criminoso causado por alguém que viajava em um caminhão e provavelmente jogou uma ponta de cigarro.
Em decorrência dessa tragédia houve a destruição dos castanhais; açaizais; materiais para confecção de artesanato como taboca; morte de animais (jabuti, cutia, paca, tatu); destruição das ervas medicinais, seca dos igarapés. Além de todos esse danos, o que servia como fonte de renda como o criatório de abelhas e a roça de mandioca também foi destruído. Por isso, em 2011 os Aikewára não tiveram colheita e estão tendo que comprar os alimentos para o seu sustento. O pouco que restou dos castanhais está servindo para venda para comprar alimentos.
A fumaça da queimada causou sérios problemas de saúde nos habitantes da sociedade Aikewára. Muitos moradores sofreram problemas respiratórios e algumas crianças tiveram seus olhos inflamados.
A partir dessa realidade os Aikewára estão, com muita dificuldade e sem apoio replantando as mudas de espécies que foram queimadas como cupuaçu, bacuri, abacaxi, copaíba, bacaba, açaí, mogno, babaçu.
A sustentabilidade também pode ser um caminho para a independência econômica do povo Aikewára. Na fala de Tiapé ela pode ser voltada inicialmente para a ativação da criação de porcão (porco selvagem) e criação peixe em cativeiro.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Murué Aikewára lança livro sobre histórias de seu povo.

 Livro será lançado hoje, dia do índio.

“Histórias dos índios Aikewára”, este é o nome do livro escrito pela índia Murué Suruí da etnia Aikewára. O livro é uma tradução das narrativas que os índios mais velhos de sua sociedade contam. Várias são as histórias: a origem dos Aikewára, a origem da noite e das constelações, etc. O lançamento acontece na Universidade da Amazônia, nesta terça-feira 19, dia do índio.
               
O livro é resultado do projeto da Universidade da Amazônia “Crianças Suruí-Aikewára: entre a tradição e as novas tecnologias na escola”. Segundo a professora Ivânia Neves, coordenadora do projeto, o lançamento deste livro é um momento histórico para os Aikewára, já que é a primeira vez que uma índia desta sociedade assina a autoria de um livro. Segundo Lariza Gouvêa, responsável pelo projeto gráfico do livro, outro fato muito interessante, é que ele foi ilustrado pelos desenhos das crianças Aikewára.
               
Segundo Ivânia, o eixo de todas as atividades do projeto esteve fundamentado nas narrativas orais dos Aikewára, sua principal fonte de conhecimento. “Durante as oficinas, pudemos observar que alguns jovens passaram a fazer questão de traduzir para a escrita as histórias que os mais velhos contam. É com grande prazer que apresentamos este livro, assinado por uma jovem e talentosa escritora Aikewára. Murué Suruí, mais do que qualquer um de nós, está absolutamente autorizada a escrever as histórias de seu povo”.

Além do livro de Murué, mais dois livros serão lançados pelo projeto. A obra “Sentidos da pele Aikewára: urucum, jenipapo e carvão” tem como tema o grafismo Aikewára. De autoria de Ivânia e do jornalista Maurício Neves, o livro mostra as relações da floresta amazônica com as pinturas corporais Aikewára. Esta obra foi uma solicitação que a índia Maria Suruí fez a equipe do projeto, é ela que assina as ilustrações.

O livro “Crianças Aikewára: entre a tradição e as novas tecnologias da escola”  reúne uma série de textos produzidos por pesquisadores e alunos de mestrado e de graduação da UNANA, que de alguma forma participaram do projeto. No centro das discussões estão os debates sobre diversidade cultural e as tecnologias de comunicação e informação. O livro inaugura um debate sobre Estudos Culturais e processos de mediação com sociedades indígenas na Amazônia.
Os Suruí Aikewára são índios castanheiros que vivem na terra indígena Sororó (um grande quadrado de floresta preservada) entre os rios Araguaia e Tocantins no sul do Pará. Segundo o ultimo senso da aldeia, os Aikewára são pouco mais de 300 índios.

Serviço:

Lançamento dos livros: “Histórias dos índios Aikewára” e "Sentidos da Pele Aikewára: Urucum, Jenipapo e Carvão"

Campus Alcindo Cacela, Auditório David Mufarrej , terça-feira 19 de abril às 19 h.


Murué e Ywatinywwa.
Murué e Ywatinywwa

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Terra Indígena Sororó

Sentidos da pele Aikewarára.

Pintura corporal.

sábado, 16 de abril de 2011

Lançamento do livro "Sentidos da pele Aikewára: urucum, jenipapo e carvão.

Lançamento
Campus Alcindo Cacela
Auditório David Mufarrej
Dia 19 de abril 19h

Livro "Histórias dos índios Aikewára"


Lançamento
Campus Alcindo Cacela
Auditório David Mufarrej
Dia 19 de abril 19h

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Programação atualizada

UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA
CESA – CCHE
Mestrado de Comunicação, Linguagens e Cultura
Comunicação Social - Letras


Semana do Índio: A sociedade indígena e as fronteiras contemporâneas

Todos os anos, quando se aproxima o dia 19 de abril, o Dia do Índio, as escolas e a mídia logo se movimentam para "prestar uma homenagem ao "índio".
O grande problema desta história é que tanto a escola como a mídia, de uma maneira geral, falam de um índio genérico, como se fossem todos iguais, tivessem uma mesma cultura, falassem a mesma língua. Talvez fosse melhor dizer que dia 19 de abril é o dia dos Aikewára, dos Tembé, dos Mbyá-Guarani, dos Asuriní do Xingu, dos Ianomâmi, dos Maias, dos Incas...

Menina Aikewára / Foto Alda Costa
A Universidade da Amazônia reunirá pesquisadores, professores e alunos nos dias 18 e 19 de abril, com a finalidade refletir sobre a inserção das sociedades indígenas nas fronteiras contemporâneas. O evento faz parte do programa de Mestrado em Comunicação, Linguagens e Cultura e dos cursos de Comunicação Social e Letras.

Campus BR
Auditório 01

Dia: 18/04/11
19:00 horas:
Mesa - redonda “As influências do Tupi-Guarani na cultura contemporânea”.
Apresentação: Profa. Ivânia dos Santos Neves
Apresentação:Profa. Vânia Torres
Prof. Dr. Félix Gerard Ibarra Prieto
Prof. Paulo Barradas - “A condição do Índio na Lei”
Representante Aikewára – Tiapé Suruí

20:00 horas:
Mesa-redonda:
"Mídia e sociedades indígenas na Amazônia"
Apresentação:Profa. Vânia Torres
“Sociedades Indígenas e as Novas Tecnologias da Educação”
Profa. Dra. Alda Cristina Costa (UNAMA)
“Os Estudos Culturais e o projeto Crianças Suruí-Aikewára”Prof. Dr. Agenor Sarraf(UFPA)
“Primeiros passos dos Aikewára no Twitter”
Hellen Monarcha (UNAMA-mestranda)
“A fotografia entre os Aikewára”
Lariza Moraes Gouvêa (aluno do curso de Direito)


21:00 horas
Lançamento do livro: “Crianças Aikewára: entre a tradição e as novas tecnologias da escola”
Ivânia dos Santos Neves (org.)
Alda Costa(org.)

O livro reúne uma série de textos produzidos por pesquisadores e alunos de mestrado e de graduação da UNANA, que de alguma forma participaram do projeto. No centro das discussões estão os debates sobre diversidade cultural e as tecnologias de comunicação e informação. O livro inaugura um debate sobre Estudos Culturais e processos de mediação com sociedades indígenas na Amazônia.

Campus Alcindo Cacela
Auditório David Mufarrej
Dia 19 de abril

19: 00
Fala do Reitor

19:30
1. Mesa-redonda: Sociedades Indígenas e Reflexões sobre Educação na Amazônia
Apresentação: Prof. Dr. Paulo Nunes
“Povos tradicionais na Sala de Aula”
Elizabeth Pessôa Gomes da Silva (UNAMA – Mestrado – Curso de Pedagogia)
“Entre as Novas Tecnologias e as Narrativas Orais”
Prof Dr Ivânia Neves (Mestrado – Comunicação Social e Letras)
“Letramento Aikewára”
Bruna Sagica ( bolsista , monitora graduação de Letras - UNAMA)

"Narrativas orais, jenipapo e os caminhos dos sentidos Aikewára"
Apresentação: Prof Ms Elaine Oliveira ( representando NDE de Letras )
“Atravessamentos possíveis: o Curso de Bacharelado em Moda e Sociedades Indígenas” Profa.Rosyane Rodrigues
“Vestidos de Floresta: a roupa tradicional Aikewára”
Maurício Neves Corrêa (mestrando UNAMA)
“A importância das narrativas orais para os Aikewára”
Murué Suruí (Representante Aikewára)


2. Lançamento dos livros: "Sentidos da Pele Aikewára: Urucum, Jenipapo e Carvão" e Sessão de autógrafos

"Sentidos da Pele Aikewára: Urucum, Jenipapo e Carvão
Ivânia dos Santos Neves
Maurício Neves Corrêa

Este livro é resultado da pesquisa realizada no projeto Crianças Suruí-Aikewára: entre a tradição e as novas tecnologias na escola. O projeto serviu também como uma grande ação de afirmação da cultura Aikewára. Em meio às oficinas e às ações do projeto, vimos surgir, com muita força o garfismo Aikewára. Se nas primeiras filmagens, eles apareceram com roupas ocidentais, depois de se virem nas telinhas, os Aikewára fizeram questão de usar sua roupa mais tradicional: os desenhos da floresta em sua pele.





Histórias dos Índios Aikewára
Murué Suruí (Representante Aikewára)

O eixo de todas as atividades do projeto Crianças Suruí-Aikewára: entre a tradição e as novas tecnologias na escola esteve fundamentado nas narrativas orais dos Aikewára, sem dúvida, sua principal fonte de conhecimento. Durante as oficinas, pudemos observar que alguns jovens passaram a fazer questão de traduzir para a escria as histórias que os mais velhos contam. É com grande prazer que apresentamos este livro, assinado por uma jovem e talentosa escritora Aikewára. Murué Suruí, mais do que qualquer um de nós, está absolutamente autorizada a escrever as histórias de seu povo.

Exposição: Sobre a Arte Aikewára
Espaço: Galeria Graça Landeira


20/04/11
Lançamento na rede do filme: “Tekwaeté: a rede Aikewára, no aikewara.blogspot.com”
Visite: http :// aikewara.blogspot.com

Apoio:
Núcleo Cultural / Casa da Memória

quarta-feira, 13 de abril de 2011

"A História da Lua ou como Arimajá pretou a cara de Jay" uma história dos índios Asuriní



Moreyra Asuriní conta a História da Lua ou como Arimajá pretou a cara de Jay.

"Depois que Arimajá passou jenipapo em seu rosto, Jay ficou com muita vergonha da cara preta dele e todos os índios riam dele. A lua mandou flechar o céu e pediu aos bichos que fizessem um caminho para ele ir embora."

O narrador desta história, Moreyra, é um dos mais importantes pajés Asuriní. Sua presença foi fundamental no processo de reestruturação social depois da intensa depopulação vivida pelo grupo. Entre os Asuriní não existe uma liderança política centralizada em um cacique. Embora muitas vezes a Funai já tenha tentado estabelecê-la, inclusive já tentaram tornar o Moreyra esta liderança.

Os índios Asuriní do Xingu são um pequeno grupo Tupi, vivem na Terra Indígena Kwatinemo no Pará e são conhecidos internacionalmente por seus grafismos.
(Ivânia Neves)

terça-feira, 12 de abril de 2011

Arihêra.

Arihêra
Foto: Maurício Neves


             "Os primeiros Aikewára que filmei, mostravam-se tímidos frente à filmadora. Além do mais, eles não tinham muita confiança em nós, afinal, muitos kamará já tinham ido filmá-los e nunca voltaram para mostrar o resultado. Porém, uma índia se destacava quando o assunto era filmagens, esta índia chama-se Arihêra Suruí.
            Arihêra faz parte do grupo de sobreviventes à depopulação. Ainda bem jovem, no final dos anos de 1960, ela foi um fundamental no processo de reestruturação social deste povo. Hoje, ela é a principal mestra de saberes e tradição de seu povo.
          
            Casada com Umassú Suruí e mãe de 04 filhos, ela hoje é uma das principais lideranças Aikewára. Talvez a pessoa mais autorizada para falar sobre a cultura Aikewára. Foi graças a ela que a rede tradicional Suruí não desapareceu. Arihêra é também a grande cozinheira da aldeia. Em sua casa, a comida tradicional Suruí nunca deixou de ser servida. Dona de uma habilidade performativa privilegiada, ela é uma das principais contadoras das histórias Aikewára." (Retirado do livro "Crianças Aikewára: entre a tradição e as novas tecnologias")

Arihêra é a personagem principal do curta "A Rede Aikewára", que será lançado neste blog no dia 20-04.

sábado, 9 de abril de 2011

Caléndário Aikewára 2011 (Abril)

Narrativa Aikewara: Kwarahy, Sahy, Sahy-Tatawai e o fogo Aikewára

Há muito tempo, no meio da floresta, na época em que nós, Aikewára ainda éramos brabos, vivia um indiozinho malinador. Por mais que seus pais o alertassem sobre os perigos da vida, ele teimava em não acreditar na sabedoria de nosso povo.
Naquela época, o mundo era mais frio e mais escuro, ainda não existiam Kwarahy, Sahy, Sahy-Tatawai e o vento.
Os índios Aikewára brabos também eram conhecedores de muitos segredos do Universo. O indiozinho era muito curioso e vivia perguntando sobre tudo. Um dia, ele viu uma cabaça fechada e quis saber o que havia lá dentro. Os mais antigos lhe disseram que o índio que mexesse naquela cabaça sagrada seria duramente castigado. Parece que essas palavras aumentaram ainda mais o desejo do jovem índio.
Alguns dias se passaram e ele não tirava da cabeça o desejo de abrir a cabaça. Até que um dia...
Todos estavam ocupados e o pequeno índio ficou sozinho diante da cabaça. Nervoso, o indiozinho malinador sentiu um frio na barriga. Suas mãos suavam... “Será duramente castigado...”
De uma vez só ele abriu a cabaça. De dentro saíram o fogo e o vento com tanta violência, que mataram o indiozinho. O vento se soltou e se espalhou pelo Universo. Já o fogo... Bem, o fogo também se espalhou no céu. Durante o dia, transformou-se em Kwarahy e ajudou a melhorar nossas roças.

À noite, ele se transformou em Sahy, só que nós dormíamos nesse período e Sahy ficava muito sozinho. Então, o fogo resolveu lhe dar um filho e criou Sahy-Tatawai. Ele não fica o tempo todo do lado do pai, mas podemos vê-los juntos no início da noite e no final da madrugada, brilhando no céu.

A história Kwarahy, Sahy, Sahy-Tatawai e o fogo Suruí me foi narrada por Arihêra Suruí. Era noite, mas o céu estava coberto de nuvens. Não pudemos ver nem a Lua nem as estrelas e os Suruí se ressentiam muito disso. Com a convivência entre eles, aprendi que não gostavam de contar histórias que envolvessem as estrelas, durante o dia. Ficavam incomodados de não poder mostrá-las, por isso as narrativas deveriam ser contadas preferencialmente à noite.

Ivânia dos Santos Neves

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Semana do Índio: A sociedade indígena e as fronteiras contemporâneas - Programação

UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA
CESA – CCHE
Mestrado de Comunicação, Linguagens e Cultura
Comunicação Social - Letras

Todos os anos, quando se aproxima o dia 19 de abril, o Dia do Índio, as escolas e a mídia logo se movimentam para "prestar uma homenagem ao "índio".
O grande problema desta história é que tanto a escola como a mídia, de uma maneira geral, falam de um índio genérico, como se fossem todos iguais, tivessem uma mesma cultura, falassem a mesma língua. Talvez fosse melhor dizer que dia 18 de abril é o dia dos Aikewára, dos Tembé, dos Mbyá-Guarani, dos Asuriní do Xingu, dos Ianomâmi, dos Maias, dos Incas...
Menina Aikewára / Foto Alda Costa
A Universidade da Amazônia reunirá pesquisadores, professores e alunos nos dias 18 e 19 de abril, com a finalidade refletir sobre a inserção das sociedades indígenas nas fronteiras contemporâneas. O evento faz parte do programa de Mestrado em Comunicação, Linguagens e Cultura e dos cursos de Comunicação Social e Letras.



Campus BR - Auditório 01
Dia: 18/04/11

19:00 horas:
Mesa - redonda: “As influências do Tupi-Guarani na cultura contemporânea”.

Prof. Dr. Félix Gerard Ibarra Prieto
Prof. Paulo Barradas - “A condição do Índio na Lei”
Representante Aikewára – Tiapé Suruí


20:00 horas:

Mesa-redonda: "Mídia e sociedades indígenas na Amazônia"


Apresentação: Vânia Torres
Profa. Dra. Alda Cristina Costa (UNAMA)
Profa. Dra. Ivânia Neves (UNAMA)
Prof. Dr. Agenor Sarraf(UFPA)
Hellen Monarcha (UNAMA-mestranda)

21:00 horas
Lançamento do livro: “Crianças Aikewára: entre a tradição e as novas tecnologias da escola”
Ivânia dos Santos Neves (org.)
Alda Costa(org.)
Textos: Agenor Sarraf, Alda Costa, Hellen Monarcha, Lariza Gouvêa, Bruna Sagica, Maria Adriana Azevedo, Ivânia Neves, Maurício Neves Corrêa
O livro reúne uma série de textos produzidos por pesquisadores e alunos de mestrado e de graduação da UNANA, que de alguma forma participaram do projeto. No centro das discussões estão os debates sobre diversidade cultural e as tecnologias de comunicação e informação. O livro inaugura um debate sobre Estudos Culturais e processos de mediação com sociedades indígenas na Amazônia.


Campus Alcindo Cacela
Auditório David Mufarrej

1. Mesa-redonda:" Narrativas orais, jenipapo e os caminhos dos sentidos Aikewára"
Apresentação: Prof Ms Elaine Oliveira ( representando NDE de Letras )
Prof Dr Ivânia Neves (UNAMA)
Maurício Neves Corrêa (mestrando UNAMA)
Bruna Sagica ( bolsista , monitora graduação de Letras - UNAMA)
Murué Suruí (Representante Aikewára)

2. Lançamento dos livros:

"Sentidos da Pele Aikewára: Urucum, Jenipapo e Carvão" e Sessão de autógrafos
Ivânia dos Santos Neves
Maurício Neves Corrêa
Este livro é resultado da pesquisa realizada no projeto Crianças Suruí-Aikewára: entre a tradição e as novas tecnologias na escola. O projeto serviu também como uma grande ação de afirmação da cultura Aikewára. Em meio às oficinas e às ações do projeto, vimos surgir, com muita força o garfismo Aikewára. Se nas primeiras filmagens, eles apareceram com roupas ocidentais, depois de se virem nas telinhas, os Aikewára fizeram questão de usar sua roupa mais tradicional: os desenhos da floresta em sua pele.

"Histórias dos Índios Aikewára"
Autora: Murué Suruí
O eixo de todas as atividades do projeto Crianças Suruí-Aikewára: entre a tradição e as novas tecnologias na escola esteve fundamentado nas narrativas orais dos Aikewára, sem dúvida, sua principal fonte de conhecimento. Durante as oficinas, pudemos observar que alguns jovens passaram a fazer questão de traduzir para a escria as histórias que os mais velhos contam. É com grande prazer que apresentamos este livro, assinado por uma jovem e talentosa escritora Aikewára. Murué Suruí, mais do que qualquer um de nós, está absolutamente autorizada a escrever as histórias de seu povo.

Exposição: Sobre a Arte Aikewára
Espaço: Galeria Graça Landeira







20/04/11

Lançamento na rede do filme: “Tekwaeté: a rede Aikewára, no aikewara.blogspot.com”

Visite: http :// aikewara.blogspot.com

Clip Sapurahai: Música e Dança Aikewára



O Sapurahai é um dos elementos mais bonitos e importantes da cultura Aikewára. Os índios exibem com orgulho suas antigas cantigas e seus passos de danças, firmes e fortes...
Este clip foi produzido durante a realização do projeto "Crianças Suruí-Aikewára: entre a tradição e as novas tecnologias na escola", realizado pelo Mestrado em Comunicação, Linguagens e Cultura e pelo curso de Comunicação Social da Universidade da Amazônia - UNAMA

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Como nasceu o homem branco

    Era a estação das chuvas. Caia mais água do céu do que de costume. Os índios Apinagé estavam enfrentando dificuldades. Eles começaram a pedir aos deuses que aliviassem aquela chuva. Kolte, o Sol e Kolre, a Lua são os deuses criadores da nação Apinagé. Kolte, o deus maior, meio aborrecido com alguns índios do grupo, decidira castigar o grupo.
    Kolre, penalizado, resolveu enviar para viver com eles. Kupen, um indiozinho dotado de poderes mágicos que, se não podiam fazer parar de chover, pelo menos não lhes deixariam morrer de fome.

    Nigõmo, uma jovem índia Apinagé, engravidou. Seu irmão não se conformava com a gravidez, exigia o nome do pai. A índia não sabia explicar e o irmão amaldiçoava a criança. Chegou a estação da seca e já se aproximava de novo a estação das chuvas, quando Kupen nasceu. Os homens da família não aceitavam a criança.
    Um dia, as mulheres estavam indo buscar mandioca na florest

a e o pequeno Kupen ia junto. De repente, ele encheu todos os cestos de mandioca. Os homens, vendo as mulheres voltarem tão rápido, estranharam. O irmão de Nigõmo quis saber o que havia acontecido. Quando disseram, ele começou a afirmar que o sobrinho tinha que morrer. Para ele, isso era a prova de que aquela criança era amaldiçoada.
    O tio resolveu dar um fim em Kupen. Na manhã seguinte, sumiu na floresta com o menino e enterrou o sobrinho vivo. Para surpresa do tio, à noite, Nigõmo tranqüilamente amamentava o filho, sentada na rede. Aborrecido, o índio afirmava que no dia seguinte daria um ponto final na situação.
    Na manhã seguinte reuniu os outros homens da família e partiu com o pequeno Kupen para cima de um penhasco. Lá, arremessou o indiozinho, na frente de todos.

    Perplexos, os índios viram a criança se transformar em uma folha, que deslizava delicadamente com o vento, até chegar ao chão. Inconformado, seu tio desceu, pegou a folha e queimou...
    Algum tempo depois, os Apinagé começaram a avistar uns animais diferentes: cavalos, bois, galinhas. Ouviram também uns barulhos estranhos e assustadores, eram disparos de armas de fogo. Era o começo de uma nova civilização. Kupen voltou à forma humana como branco e resolveu se apossar das terras dos índios.
Adaptação resumida:
Ivânia dos Santos Neves

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Astronomia Aikewára - Eisu, uma constelação Tupi

A astronomia é a ciência que estuda o céu. E como toda ciência praticada pelo homem, ela é regida por seus desejos e suas necessidades. Diferentes culturas olham para o céu de diferentes formas.
A etnoastronomia significa uma maneira de estudar a astronomia, respeitando as diferenças culturais. Todo conhecimento produzido sobre o céu, inclusive o ocidental, é marcado pela cultura e pela história de quem o produziu.

No imaginário Aikewára, o céu remete a representações próprias do seu universo cultural. A forma como identificam os astros celestes, a correlação de atividades cotidianas às estações climáticas e suas narrativas orais sobre a origem das constelações, do Sol, da Lua, das estrelas traduzem sua cosmovisão e deixam ver uma racionalidade construída a partir da cultura e da história Aikewára.

Existe uma constelação que está presente no céu de quase todas as sociedades Tupi e que podemos ver também com os olhos dos Aikewára, trata-se de Eisu, que em português significa casa de abelhas.

 Eisu - casinha de abelhas
constelação Aikewára
 
Na região em que os Aikewára vivem, ela aparece no início da noite, no primeiro semestre. É o momento em que eles estão colhendo a safra da castanha, no período das chuvas.
 
Eisu está localizada no Norte Celestial e no zodíaco ocidental, ela é conhecida como as Plêiades.
 
As Plêiades

Esta constelação apresenta uma curiosa irregularidade em sua trajetória. Mesmo quando o céu Norte está visível, o que acontece durante um período de 06 meses, sem que ninguém tenha conseguido explicar por que, Eisu desaparece por quase dois meses.


Vários sociedade Tupi identificam esta constelação:
- A denominação Eixú aparece catalogada no Vocabulário Tupi com o significado de Casa de Abelha.
- Couto de Magalhães (1914), no século XIX registrou que havia uma constelação indígena denominada Eixú.
- Lévi-Strauss, em Astronomia Bem temperada (1991), analisa mitos indígenas relacionados às Plêiades, e, embora não associe a palavra Tupi à constelação ocidental, ele cita Eixú como uma constelação indígena.
- Para os Asuriní do Xingu e os Mbyá-Guarani de São Miguel das Missões, Eixú também está presente no céu.

Ivânia dos Santos Neves

terça-feira, 5 de abril de 2011

"Nosso saber não está nos livros!"

    Por Luiz Gomes Lana (Rio Tiquié/ AM, 1992):
    Para nós, os Imiko-masã, “A Gente do Universo”, isto é, os Desana, a humanidade inteira, ou seja tanto os índios quanto os brancos, têm a mesma origem. Quando Pamiri-gasiru, a “Canoa-de-Transformação” chegou em Diá-peragobe wi’í, [Cachoeira de Ipanoré, médio rio Uaupés, região do alto rio Negro] os ancestrais da humanidade, já em forma humana, começaram a sair pelo buraco. O ancestral daqueles que iriam ser os brancos também estava nesta canoa. Ele foi o último a sair. Yebá-gõãmi, o nosso demiurgo, o mandou na direção do sul, dizendo que lá ele poderia fazer a guerra, ele poderia roubar e atacar as pessoas para sobreviver. Para nós, que somos os irmãos maiores dos brancos, ele deu a ordem de ficarmos calmos, vivermos unidos e de maneira pacífica. Mas para o homem branco, ele deu a ordem de ganhar a sua vida pela violência, de fazer a guerra, de matar.
    Assim, quando os primeiros brancos chegaram na região, os nossos avôs já sabiam que eles vinham para fazer a guerra, porque Yebá-gõãmi havia dito para o ancestral deles ganhar a sua vida pela violência. Nós, nós somos calmos, nós não fazemos a guerra! Nós vivemos de maneira pacífica. Mas o branco gosta de violência. Ele gosta de fazer a guerra, ele gosta de batalhar, ele gosta de matar, ele gosta de se apropriar das coisas dos outros pela violência. A gente sabe muito bem como ele é violento! Yebá-gõãmi lhe deu uma espingarda como arma. A espingarda é o poder do branco. Yebá-gõãmi lhe disse que ele poderia obter todo o que queria com essa espingarda.
    Com o branco, saiu também da Canoa-de-Transformação o missionário. Os dois saíram juntos! É por isso que, quando os nossos avôs viram o branco chegar com a espingarda, eles já sabiam que ele estaria com o missionário. E, de fato, quando o homem branco apareceu aqui, na nossa terra [região do alto rio Negro], ele estava acompanhado do missionário. Nós já sabíamos que o missionário chegaria com o branco porque Yebá-gõãmi o havia dito! Para o missionário, ele deu um livro [a bíblia] para ele poder viver. Por isso, quando os nossos ancestrais viram pela primeira vez o missionário com seu livro, eles já sabiam que esse livro era o poder dele, a sua arma.
    Nós sabemos muito bem que o livro [Bíblia] é a arma do missionário. O outro branco possuía como arma uma espingarda. Com essa espingarda ele pratica todo tipo de violência. A gente vê muito bem que Yebá-gõãmi falou a verdade! Ele tinha falado que o homem branco faria sua vida roubando, matando, fazendo a guerra... É isso que nós vemos hoje em dia. Nós vemos o branco entrar na nossa terra à procura de ouro, de cassiterita... Ele entra no nosso território com violência. Ele quer ser o proprietário de todas essas coisas!
    Para nós, que somos os irmãos maiores do homem branco, Yebá-gõãmi deu o poder da memória, a faculdade de guardar tudo na memória, os cantos, as danças, as cerimônias, as rezas para curar as doenças... Nós guardamos tudo isso na nossa memória! Nosso saber não está nos livros! Mas ao branco, que foi o último a sair da Canoa-de-Transformação, ele deu o poder da escrita. Com os livros, ele poderia obter tudo o que ele precisaria, ele havia dito. É por isso que o homem branco chegou na nossa terra com a escrita, com os livros. Assim, Yebá-gõãmi havia dito! 
    Yebá-gõãmi queria também que a humanidade fosse imortal. Ele queria que a humanidade fosse como são hoje em dia as aranhas, as cobras, as centopéias, os camarões. Estes, quando velhos, trocam de pele e voltam a ser jovens. Yebá-gõãmi queria também que a humanidade trocasse de pele, mas ele não conseguiu. Ele havia dado aos ancestrais da humanidade uma cuia de ipadu [Erythroxylum coca var. ipadu] para lamber. Quando eles viram aranhas, escorpiões e outros insetos venenosos na beira da cuia, os ancestrais da humanidade não tiveram coragem de se aproximar. Mas as aranhas, as centopéias, os escorpiões não hesitaram e comeram o ipadu. É por isso que eles trocam de pele quando velhos. É o ipadu que lhes deu o poder de trocar de pele!     
    Havia também uma grande bacia de água. Yebá-gõãmi mandou os ancestrais da humanidade tomar banho. O ancestral do branco se precipitou, e se banhou. Se os índios, seus irmãos maiores, tivessem sido os primeiros a tomar banho, a pele do seu corpo teria virado branca, como é a pele do homem branco. Mas quando os índios se decidiram a tomar banho, a bacia virou e eles somente conseguiram molhar a planta dos pés e a palma das mãos. É por isso que nós, os índios, temos a planta dos pés e a palma das mãos brancas! O branco, o nosso irmão menor, tem a pele branca porque ele foi o primeiro a tomar banho na bacia. Foi isso o que os nossos avôs contaram!

Sobre a narrativa
O depoimento de Luiz Gomes Lana foi coletado em português pela antropóloga Dominique Buchillet (antropóloga, Institut de Recherche pour le Développement en Cooperation - IRD) em Brasília, junho de 1992, e publicado em francês na revista Ethnies. Droits de l’Homme et Peuples autochtones (Paris: Survival International France, n° spécial “Chroniques d’une conquête”, 1993 n° 14, pp. 19-21).Fonte: ISA - Instituto Socioambiental

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Zodíaco da Sociedade Indígena Tembé-Tenetehara

Pouca gente sabe, mas grande parte das sociedades indígenas conhece bastante o céu. O zodíaco Tembé é um bom exemplo. Suas cosntelações e suas narrativas orais sobre o céu mostram como existem diferentes formas de pensar, diferentes racionaliades...

A constelação da Ema compreende três famosas constelações ocidentais: Seu bico é formado pelo Cruzeiro do Sul, sua perna esquerda por Escorpião e os dois ovos que está guardando, pela constelaçao ocidental conhecida como Mosca.

A maneira como os povos tradicionais da Amazônia interpretam o céu dialoga com a realidade observável na região, muito mais que os livrso de astronomia feitos no hemifério Norte ou no Sul-Sudeste do Brasil. Eles falam de cosntelações com nomes de animais da floresta amazônica, estabelecem duas estações do ano: a da seca e a da chuva.
Pena que ainda ouvimos muito pouco desta conhecimento milenar!

domingo, 3 de abril de 2011

O nascimento de Zahy - Narrativa dos índios Tembé / Zahy’s birth – A Tembé indians narrative


          História de uma velha  índia Tembé ...
   A narrative by an old Tembé woman...
A noite estava clara. A tarde havia terminado calma e quieta e os Tembé se recolhiam para descansar. Em sua rede, cercada por filhos e netos, a índia mais velha da tribo começa a contar uma história. Uma história que há anos já havia sido contada pela sua avó.
 The night was clear. The day had finished calm and quietly and the Tembé were gathering to rest from the day. So the oldest woman from the tribe In her hammock, surrounded by her children and grandsons, begun to tell a story.
   “Há muito tempo, quando nossa nação ainda vivia nas margens de outro rio, nasceu Zahy, o filho do mais respeitado cacique que nosso povo tivera. Seu pai era um velho índio e, embora já tivesse dormido com muitas mulheres, nunca abandonara sua primeira esposa.
   “Long ago, when our nation still lived on the margins of another river, Zahy was born, he was the son of the most respected chief our tribe had had in years. Zahy’s father was already an old Indian and, although he had already slept with many women, he had never abandoned his first wife.
   O casal, para tristeza de toda nação Tembé, por muito tempo não conseguiu ter um filho. Quando seus pais já nem acreditavam ser possível este sonho, sob a bênção de todos os deuses, o indiozinho Zahy nasceu.
    The couple, for the sorrow of all Nation, had not succeeded in giving birth to a child for a long time. When Zahy’s parents were almost giving up to the dream of having a child something happened. His wife got pregnant and, with all the Gods’ blessing, Zahy, the little Tembé indian, was born.
   Mas aquele que nascera para dar continuidade à honra de seu pai, muito cedo quebrou seu destino e as leis de nossa tribo.
   But, the boy, who was born to follow the footsteps of his father, soon broke his destiny and our Tribe’s laws.
   Muito jovem, o  índio desejou uma mulher proibida, sua tia. Seu pai já havia determinado um outro destino para a irmã de sua mulher. E, mesmo sabendo disso, Zahy não controlou seu amor.
  When Zahy was still a young man, he desired a forbidden woman, who was his aunt. Even knowing that his father had already determined another destiny for her, Zahy was unable to control his love for her.
   Sempre que a noite chegava, o índio tateava no escuro para ir até a casa de sua tia, dormir com ela. Isso aconteceu noite após noite até que a jovem, sem saber quem se deitava com ela, pediu conselhos à índia mais velha da tribo.
   As soon the evening arrived, Zahy went groping through the darkness to his aunt’s house to stay for the night. This happened night after night, until the young woman, without knowing who she was sleeping with, asked for advice to the oldest woman in the Tribe.

   A índia mais velha lhe sugeriu uma armadilha: para saber quem a visitava, a tia de Zahy deveria lambuzar os dedos com jenipapo e aguardar a partida de Kwarahy (sol).
   The older Indian suggested a trap to catch the unknown visitor: to know who was vising her, she had to soak her fingers with the juice of the jenipapo fruit and wait for the parting of Kwarahy (the sun).
   Naquela noite, novamente, o jovem índio foi ao encontro de sua tia. Ela então afagou, várias vezes, o rosto do desconhecido, seguindo os conselhos da velha índia.
   Then, that night, Zahy again went to his aunt’s house. Following the old Indian’s advice, she touched the visitors’ face several times.    No dia seguinte, quando acordou, Zahy foi lavar seu rosto no rio. Viu as manchas do jenipapo deixadas pelos afagos de sua tia. Lavava insistentemente a face, mas as manchas não saiam...


   Next day, Zahy woke up and went to the river to wash his face. He saw the stains of the jenipapo juice left on his face by his aunt. He continuously washed his face but the satins didn’t go away...

   Quando voltou para a aldeia, os deuses, a índia mais velha e sua tia descobriram quem era o amante misterioso. Zahy foi por isso expulso da Terra. Transformado em Lua, foi condenado a viver eternamente no céu.
When Zahy returned to the Tribe, the Gods, the older Indian and his aunt found out who the secret lover was. Because of that, Zahy was expelled from Earth, transformed into Moon and condemned to live in heaven eternally.
   Olhem, pequenos! É por isso que ainda hoje, quando olhamos para Lua, vemos aquelas manchas. São as marcas deixadas na face de Zahy por sua tia, mulher que ele mais desejou quando era um jovem índio e de quem ele teve que se afastar para sempre.
   Listen, my children! That’s why even today, when we look up to the moon, we see the stains. Those are the stains left on Zahy’s face by his aunt, the woman desired by him when he was young and from whom he had to depart forever.

   Por isso há um período (a Lua Nova) em que não podemos ver Zahy no céu à noite. É quando ele está lavando o seu rosto. Depois a seu tempo, quando ele reaparece (da Lua Crescente à Cheia) podemos ver seu rosto inteiro, ainda com as manchas de jenipapo. É por isso que Zahy traz chuva quando aparece. A água que lavava seu rosto escorre do céu e faz chover...
  Because of that, there is a period (the new moon cycle) during which we cannot see Zahy in the sky at night. That’s because he is washing his face. After some days, Zahy shows up again (between the crescent and full moon cycles) and we can see his face entirely, with the jenipapo stains and all. And when it happens, Zahy brings the rain. The rain is the water he uses to wash his face….

(CORRÊA, Ivania et alli. O Céu dos Índios Tembé. Belém: Imprensa Oficial, 1999)Tradução: Sílvia Bahia

sábado, 2 de abril de 2011

Sobre as sociedades indígenas Tembé-Tenetehara

Os Tembé constituem o ramo ocidental dos Tenetehara. O grupo oriental é conhecido por Guajajara. Sua autodenominação é Tenetehara, que significa gente, índios em geral ou, mais especificamente, Tembé e Guajajara. Tembé, ou sua variante Timbé, constitui um nome que provavelmente lhes foi atribuído pelos regionais. De acordo com o lingüista Max Boudin, timbeb significaria "nariz chato".

Localização

De um modo geral, pode-se afirmar que os Guajajara, ramo oriental dos Tenetehara, se localizam no Estado do Maranhão, enquanto os Tembé, o ramo ocidental, no Estado do Pará. Entretanto, uma parte dos Tembé vive na margem direita do rio Gurupi, no estado maranhense.

As aldeias tembé se distribuem em três blocos. Um deles é constituído por aquelas que se dispõem em uma e outra margem do rio Gurupi. As que ficam na margem direita estão na Terra Indígena Alto Turiaçu. A região também é habitada pelos Guajá e pelos Urubu Ka´apor. Os Tembé da margem esquerda do Gurupi estão na TI Alto Rio Guamá. Nesta área vivem também índios Ka´apor, Guajá, Kreje e Munduruku, além do outro bloco de aldeias tembé, que localiza-se nas proximidades do rio Guamá.

O terceiro bloco é constituído pelos Tembé que vivem na TI Turé-Mariquita, situada na bacia do rio Acará, afluente do Moju, que desemboca no mar um pouco ao sul da foz do Guamá. A posição desses Tembé decorre de um avanço, no século XIX, sobre o território dos Turiwara, junto dos quais moraram até recentemente. Hoje, a população da TI Tembé, mais ao sul, também na bacia do Acará, é indicada não como Tembé, mas como Turiwara.

Histórico do contato

Em meados do século XIX, uma parte dos Tenetehara dos rios Pindaré e Caru, no Maranhão, rumaram na direção do Pará, para os rios Gurupi, Guamá e Capim, dando origem aos hoje conhecidos como Tembé (deixando no Maranhão os Guajajara).

Fonte:http://pib.socioambiental.org/pt


sexta-feira, 1 de abril de 2011

Dia do Índio e o mês de abril

Todos os anos, quando se aproxima o dia 19 de abril, o Dia do Índio, as escolas e a mídia logo se movimentam para "prestar uma homenagem ao "índio".

O grande problema desta história é que tanto a escola como a mídia, de uma maneira geral, falam de um índio genérico, como se fossem todos iguais, tivessem uma mesma cultura, falassem a mesma língua. Talvez fosse melhor dizer que dia 18 de abril é o dia dos Aikewára, dos Tembé, dos Mbyá-Guarani, dos Asuriní do Xingu, dos Ianomâmi, dos Maias, dos Incas...
Crianças Kaigang em Porto Alegre.Foto:Monica Cruvinel.



Menino Mbyá-Guarani-São Miguel das Missões/RS- Foto: Monica Cruvinel

Menina Asuriní do Xingu- Foto: Ivânia Neves

Melhor mesmo era se pudéssemos afirmar que os povos tradicionais da América merecem a atenção da escola, da mídia, das políticas públicas o ano inteiro... Mas não é assim!

Meninas Parakanã

Menina Aikewára. Foto: Alda Costa.

A verdade é que este período que antecede ao dia do índio representa um dos poucos momentos em que se pensa sobre estas sociedades. E o que é pior, quase sempre sem considerar que não estamos falando de uma única sociedade.

Para aproveitarmos este momento, o aikewara.blogspot.com vai fazer uma programação especial.
Todos os dias faremos postagens de narrativas, filmes, fotografias e desenhos de diferentes sociedades indígenas.

No dia 19 de abril, os Aikewára estarão em Belém e faremos o lançamento de 03 livros sobre sua cultura e sua história: Sentidos da pela Aikewára, Crianças Aikewára: entre a tradição e as novas tecnologias e Histórias dos índios Aikewára, que é de autoria de Murué Suruí.